07/12/2011

Vereadora tucana exonera comparsa do traficante Nem




O índio ladrão de merenda deve estar feliz da vida, afinal, essa vereadora foi relatora da CPI que investigou fraudes na merenda escolar do Rio de Janeiro.


A vereadora Andrea Gouvêa Vieira (PSDB) exonerou nesta sexta-feira o seu assessor de gabinete Willian de Oliveira, ex-presidente da associação de moradores da Rocinha, após tomar conhecimento das suspeitas da Polícia Civil que levaram a prisão dele no início da manhã de hoje em casa, na Rocinha, zona sul do Rio.


"Eu exonerei o Willian do meu gabinete hoje. Todo mundo que tem alguma suspeita sobre a conduta deve ser afastado da vida pública. Vamos aguardar para ver as investigações, o que a polícia vai apresentar além das imagens. Estou bastante abalada com isso. Caso se confirme de que houve uma negociação, um benefício de uma associação [...] essa terá sido a maior decepção da minha vida pública", afirmou à Folha a vereadora.


Mais cedo, a polícia divulgou uma imagem reproduzida de um vídeo que teria sido gravado por uma moradora, onde Willian participa de uma reunião com o ex-chefe do tráfico da Rocinha Antônio Bonfim Lopes, o Nem, durante negociação de um fuzil AK 47 com Alexandre Leopoldino Pereira, conhecido como Perninha --ex-chefe de campanha de Willian para deputado estadual pelo PTB-RJ em 2010 e, segundo a assessoria do governador Sérgio Cabral (PMDB), funcionário do Palácio Guanabara.


Até as 16h, Alexandre Pereira continuava foragido. O traficante Nem cumpre pena no Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.


A vereadora Andrea Vieira disse que apesar da "forte imagem" divulgada pela polícia, ela vai aguardar o resultado das investigações para se manifestar sobre o episódio. "O Willian tem uma vida absolutamente legal. É uma pessoa que goza da minha mais absoluta confiança não só como meu assessor. Sou amiga pessoal da família do Willian. Convivi com ele durante muitos anos. Sei que dentro da Rocinha ele era considerado inimigo do Nem, por isso eu quero que seja investigada a afirmação dele", destacou.


No final da manhã de hoje, Willian disse que sua prisão foi uma "armadilha". Ele foi preso sob as acusações de associação ao tráfico e por participar da negociação de uma arma (fuzil AK47) de uso restrito das Forças Armadas, segundo informações divulgadas pela Polícia Civil.

De acordo com policiais da DRFA (Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis), o ex-presidente da associação de moradores da Rocinha mantinha ligação com o traficante Nem, quando ele chefiava a favela. A polícia apreendeu um computador e documentos na casa de Willian.


Ainda de acordo com Willian, as imagens do vídeo foram gravadas em outubro de 2010, às vésperas das eleições, quando ele concorria ao cargo de deputado estadual. Segundo a polícia, a gravação mostra Oliveira recebendo dinheiro do traficante.


"Naquele dia, Nem me disse que se eu não saísse do caminho dele ele iria destruir minha vida, como faz agora. Eu não vendo fuzil, não sou criminoso, a Rocinha sabe. Eu fiquei oprimido por muito tempo naquela comunidade", disse Oliveira, que também atuava como presidente de um movimento popular de favelas.


Willian afirmou à polícia que Nem tentava intimidar ele com o dinheiro para que se afastasse da campanha eleitoral. "Ele então aceitou porque o Nem estava nervoso, estava alterado e quando desceu do andar para baixo ele devolveu o dinheiro para o traficante que estava embaixo. Em comunidade as coisas muitas vezes não são aquilo que parece ser", disse a vereadora.


A polícia informou que também investiga a ligação de Andrea Gouvêa com o traficante Nem. Willian trabalhava como assessor para ela, ganhando cerca de R$ 4.000 por mês. Ela foi intimada a prestar esclarecimentos na segunda-feira (5) na DRFA.Da redação, com informações do Uol.
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