16/03/2012

MINHA HOMENAGEM A VOCÊ Hélio Melo e a floresta do alumbramento

Hélio Melo, fotografado por Danilo de S'Acre.



Primeiro foi Hélio Melo, que fez tinta com o sumo de ervas e cascas de árvores para pintar o mundo seringueiro: a lida diária, a festa, a vida, mas também cavalos que sobem em árvores e bois que ocupam casas expulsando famílias. Sim, interpretações irônicas de uma sociedade injusta, pois sem ironia não há quem possa voar.
Com Hélio Melo fez-se a luz, a especialíssima luz orgânica e difusa que vem de um ponto além do horizonte em seus quadros e se espalha por entre as árvores, menos no espaço que no tempo.

Quem somos nós, nessa arte? Não somos. Surgimos como personagens de uma encenação da história, somos colocados aqui ou acolá conforme os papéis que o destino nos reserva. Estaríamos destinados a um tipo qualquer de fatalismo social, não fosse a ousadia de nosso olhar que vê o invisível e recria o mundo a partir da floresta.
Essa floresta humana, representada pelo olhar seringueiro, é o palco do drama e o habitat da realidade. Mas não deixa de ser misteriosa e mágica porque se faz repositório de esperanças.

É a base da vida e a plataforma de onde se lança o sonho em seu voo rumo a algum futuro.

Antonio Alves

Da exposição coletiva Via Látex - Asas da Imaginação
Novembro de 1999.
Aeroporto Internacional de Rio Branco - Acre.




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